Contos de Grimm: Contos da Infância e do Lar
Lista de contos de fadas (Página 9)
162 O criado esperto
Feliz a casa e mais feliz, ainda, o patrão que possui um criado esperto, que ouve, sim, as suas ordens mas não as executa; ao contrário, faz tudo segundo a própria cabeça. Certa vez, um desses João-espertos foi mandado pelo patrão procurar uma vaca tresmalhada. O criado estava-se demorando muito lá fora, mas o patrão dizia de si para si: O meu fiel João não é um vadio, um desses que tira o corpo diante do trabalho pesado!; vendo, porém, que ele tardava demais a voltar, começou a recear que lhe tLer o conto → 163 O esquife de vidro
Nunca se diga que um pobre alfaiate não pode ter sucesso na vida e, até mesmo, alcançar honrarias muito elevadas; basta que ele tope com o caminho certo e, sobretudo, que tenha sorte para vencer como os outros. Um certo alfaiatinho, esperto, maneiroso, gentil, resolveu um dia correr mundo. Depois de muito andar, chegou a uma grande floresta e, não conhecendo o caminho, perdeu-se lá dentro. Chegou a noite e ele não teve outro remédio senão procurar abrigo naquela horrível solidão. Teria, certamenLer o conto → 164 Henrique, o preguiçoso
Era uma vez um grande preguiçoso chamado Henrique, o qual, embora não tivesse outra coisa a fazer senão levar diariamente a cabra a pastar, todavia, à noite, após terminado o dia de trabalho, punha-se a suspirar: - É, na verdade, um trabalho penoso e cansativo o meu! Todos os dias ter de levar ao pasto esta cabra, um dia, depois outro, até o fim do outono! Se ao menos a gente pudesse deitar-se e dormir! Mas qual, é preciso manter os olhos bem abertos e ver que ela não estrague os tenros arbustosLer o conto →
166 João o destemido
Era uma vez um homem e uma mulher que tinham um filho único, chamado João, e viviam solitários, num vale afastado, a cultivar pequeno campo. Um belo dia, a mulher foi à floresta para apanhar uns poucos gravetos e levou consigo Joãozinho, que tinha apenas dois anos de idade. Como era justamente um belo dia de primavera, o menino corria alegremente de um lado para outro, colhendo as lindas flores multicores; e assim foram penetrando cada vez mais pela floresta. De repente, dois ladrões, saídos deLer o conto → 167 O camponesinho no Céu
Era uma vez um pobre camponesinho, muito piedoso, que, atacado de grave moléstia, morreu e foi ter à porta do Céu. Ao mesmo tempo, morreu também um rico fidalgo que, por sua vez, queria entrar no Céu. São Pedro chegou com as chaves, abriu a porta e fez entrar o fidalgo; ao que parece, não vira o pobre camponesinho e tornou a fechar a porta. E do lado de fora, o campônio ouvia as grandes manifestações de apreço que se dirigiam ao fidalgo, acompanhadas com cantos e música. Por fim, voltou a reinarLer o conto → 169 A casa na floresta
Houve, uma vez, um pobre lenhador que morava, com a mulher e três filhas, numa pequena choupana, na orla de espessa floresta. Certa manhã, antes de sair para o trabalho, disse à mulher: - Manda nossa filha mais velha levar-me o almoço, do contrário não poderei acabar o trabalho; mas, para que ela não perca o caminho, levarei comigo um saquinho de sementes que irei largando pelo chão. Assim, pois, quando o sol chegou a pique na floresta, a moça encaminhou-se, levando uma marmita de sopa. Mas, acoLer o conto → 170 Como se repartem alegrias e sofrimentos
Houve, uma vez, um alfaiate insuportável, que vivia a brigar com a mulher. Esta era uma criatura boa, piedosa e muito trabalhadeira, mas, por mais que fizesse, nunca conseguia satisfazê-lo; com tudo ele mostrava-se descontente. E não parava de resmungar, de gritar, de fazer escândalos, espancando, com motivo ou sem ele a pobre mulher. Um belo dia, as coisas chegaram aos ouvidos do Juiz e o alfaiate foi intimado a depor; depois, trancaram-no na prisão a fim de que se corrigisse. O homenzinho ficoLer o conto → 171 A carriça (Rei da capoeira)
Em tempos muito, muito remotos, cada som tinha o seu sentido e significado. Assim, quando o martelo do ferreiro batia na bigorna, dizia: - Bate, bate, bate! E a plaina do carpinteiro, roçagando a madeira, dizia: - Maravalhas, maravalhas, maravalhas! Quando a roda do moinho começava a bater na água, chiava assim: - Socorro, Jesus! socorro, Jesus! E se o moleiro era sonegador, quando punha em movimento a roda do moinho, esta, em alemão clássico, falava pausadamente: - Quem está aí? quem está aí? ELer o conto → 172 A solha
Os peixes, havia muito tempo, estavam descontentes, porque em seu país não mais reinava a ordem; não se importavam uns com os outros e cada qual nadava para a direita ou para a esquerda, conforme lhe dava na cabeça, entrando pelo meio do cardume daqueles que preferiam manter-se juntos, ou, então, atrapalhava-lhes o caminho sem a menor consideração. O mais forte maltratava o mais fraco, dando-lhe rabanadas que o jogavam para longe, ou o devorava sem mais aquela. - Oh, como seria bom se tivéssemosLer o conto → 174 O mocho
Ha uns dois ou três séculos, quando os homens eram mais espertos e astutos do que hoje em dia, numa pequena cidade ocorreu uma história muito estranha. Um desses corujões, mais conhecidos sob o nome de mochos, apareceu por acaso, altas horas da noite, vindo de um bosque vizinho, e entrou num celeiro; quando amanheceu, não teve coragem de sair do esconderijo com medo dos outros pássaros, que, toda vez que encontram um mocho, se põem a gritar de modo horrível. Logo pela manhã, o criado da casa foiLer o conto → 176 O termo da vida
Quando Deus criou o mundo e quis determinar a todas as criaturas o termo da vida de cada um, apresentou-se-lhe o burro e perguntou: - Senhor, quanto tempo viverei? - Trinta anos, - respondeu o Senhor; - está bem? - Ah, Senhor, - volveu o burro, - é muito tempo! Pensai na minha vida, árdua e penosa; desde manhã até à noite, todos os dias, tenho que carregar enormes pesos, arrastar sacas de grãos ao moinho para que os outros tenham o pão para comer e, como único estímulo e recompensa, só recebo paLer o conto → 178 Nariz-de-Palmo-e-Meio
Mestre Gaspar era um homenzinho magro e irrequieto, que não tinha um instante de sossego. O rosto, do qual se destacava um nariz comprido e arrebitado, era pálido e picado de varíola. Os cabelos grisalhos e desgrenhados. Os olhos pequenos, buliçosos, sempre em movimento, lançavam chispas para a direita e para a esquerda. Observava tudo, criticava tudo, sabia tudo melhor do que os outros e sempre tinha razão. Quando andava pelas ruas, agitava os braços como se fossem remos e com tanto ardor, queLer o conto → 179 A guardadora de gansos no regato
Houve, certa vez, uma velhinha já decrépita, toda corcovada, que vivia com um bando de gansos num lugar ermo, no meio das montanhas, onde tinha uma linda casinha. O sítio estava cercado de grande floresta, aonde a velha, amparada nas muletas, ia todas as manhãs. Trabalhava aí horas a fio, com força extraordinária para a sua idade; cortava a erva para os gansos, que muito gostavam disso; colhia avelãs, bolotas doces, pinhões e outros frutos e bagas selvagens, e carregava tudo para casa. Era de seLer o conto →